sábado, 19 de junho de 2010

Apenas um conto

Ela, sempre mto bem vestida, entra num cabaré luxuoso dos anos 20, com seu vestido preto, suas pérolas legítimas, seu cabelo bem preto chanel, suas plumas bem selecionadas e senta-se no bar.
Luz baixa.
No palco, uma banda com todos os integrantes, impecavelmente ensaiados. A vocalista estilo "Melody Gardot", linda!
Pede uma bebida forte, um Dry Martini.
Está sozinha e não se incomoda com isso.
Todos os mais belos homens se entreolham e se perguntam: quem é ela?
No rosto, uma expressão sensual.
Pura sensualidade!
Cruza suas belíssimas pernas e deixa a mostra a ponta da liga que prende o espartilho.
Suspiros!
As mulheres se sentem incomodadas com a presença daquela desconhecida.
Pega sua cigarrilha e procura por fogo. Vários se oferecem para acender o cigarro da beldade.
Meio tímida, meio provocadora, meio evasiva, meio reservada.
Acende o seu cigarro. Agradece ao rapaz bem vestido que consegue se aproximar primeiro.
Vitorioso.
Solta a fumaça calmamente.
O belo rapaz tenta começar um assunto, mas ela não diz quase nada, sua voz, meio rouca o deixa inebriado.
Pede mais um Martini e degusta-o sem nenhuma pressa.
Levanta-se e sai. Nunca mais a viram. Só sentiam seu perfume francês todas as vezes que chegavam aquele lugar.

Num bar de beira de estrada, ela pára seu carro.
Desce com suas botas country empoeiradas, um vestido florido e uma jaqueta jeans.
Cabelos longos, com leves cachos nas pontas.
Entra no bar. Vários motoqueiros a olham e se perguntam: quem é ela?
No fundo do bar uma junk box tocando Elvys Presley.
Senta-se no bar.
A garçonete, mal humorada, vem atendê-la.
Pede uma cerveja e uma tequila.
Cruza suas belas pernas.
Quase não há mulheres nos bar. As poucas, se agarram em seus homens, inseguras.
Um belo rapazinho vem falar com ela.
Ela não responde, apenas pergunta se ele tem fogo.
O engraçadinho dá uma cantada do tipo: qual tipo de fogo vc quer, mocinha?
Ela nem sorri, só mostra o cigarro.
Acende e agradece.
Toma a sua tequila de uma só vez e pede mais uma.
Sai do bar tranquilamente, entra em seu carro e segue levantando poeira.
Nunca mais a viram. Só sentiam seu perfume doce todas as vezes que chegavam aquele lugar.

Era a mesma, em épocas diferentes.
Tinham mtas coisas em comum ainda e principalmente, a alma triste, a sensualidade e olhos bem pretos.
Sem sorrisos e solitária.

Bia Flor