quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Apenas um veneno

Ela se lembra de qdo escreveu sobre suas paixões de infância, e ele estava lá. Paixão de infância que a assombra até hoje. Deixa-na sem ar e, qdo tenta respirar sente uma lâmina atravessando seu peito. Enqto escreve, sente o nó na garganta e segura as lágrimas para não derramá-las. 
Desde que viu aquela maldita foto parece que algo está entalado mas não sabe como e nem tem com quem desabafar. Simples escutar: segue sua vida, isso passa, uma hora irá aparecer alguém bacana. 
Já apareceu mas... ele a assombra e hoje ela vem implorar para que tudo isso termine o mais depressa possível
Uma dose de veneno, por favor?
Um veneno que não me mate, mas que me faça dormir por longo tempo e, qdo acordar essa época tenha passado, essas lembranças não existam mais, esses sentimentos tenham morrido. Não me lembre sequer de nenhuma pessoa que fez parte da minha vida.
Lugar novo, tempo novo, novas pessoas.
Um veneno que faça com que as pessoas que me amam nunca sintam minha falta, como se eu nunca houvesse existido na vida delas.
Um veneno que qdo eu acordar não deixe resquícios de nenhuma marca como o olhar de jabuticaba, o sorriso lindo, os cílios de boneca... nada que faça lembrar aquela de antes. Principalmente, aquela tristeza que apenas raras pessoas conseguiram visualizar.
Seria ela em outro mundo.
Desculpe-me se fiz alguém sentir algo por mim que não pude corresponder. O que mais tenho tentado é me dar uma chance, mas presa a esse passado que vezes me assombra, vezes não, acredito que a melhor solução seja mesmo um veneno. 
Apenas um veneno agora, por favor!

Bia Flor

Música - Don't make me wait - This world fair

sábado, 4 de fevereiro de 2012

"... os últimos versos que lhe escrevo"

"Ainda que está seja a última dor que ela me cause, e este sejam os últimos versos que lhe escrevo" - Pablo Neruda

E ela "mente" para si mesma, e como não está acostumada a guardar uma "mentira", vem hoje, humildemente, talvez, se contradizer mais uma vez.
Sim, no fundo ela acredita em "príncipes encantados", em amores para a vida inteira, em uma família feliz. 
Ela acredita quando dizem que ela é diferente das outras pessoas. Confia na sua autenticidade e gosta do seu temperamento agridoce.
Ela será sim, uma eterna sonhadora e quem sabe, num futuro distante, irá contar tooooooodas as suas histórias para quem quiser ouvi-la.
Ela é peculiar desde que nasceu, Foi escolhida como o presente mais precioso desse mundo. Dois anjos vieram a terra e Deus a mandou de presente para eles.
É muito feliz e agradecida por isso. Ela os ama incondicionalmente! E neste amor,  nunca haverá dúvidas.
Mas é os outros tipos de amor? Aqueles que acontecem quando a gente menos espera e por pessoas que a gente nem fazia ideia que pudesse "amar". Aquele amor, homem/mulher. Aquele que se sente falta numa linda Sexta feira de "céu de Brigadeiro"...
Aquele que por mais defeitos que haja, para ela é o amor do "conto de fadas". Por mais que ela afirme que não acredita em contos de fadas.
Aquele do homem imperfeito, porque o perfeito, provavelmente seria enjoativo demais.
Aquele amor que quando ela chega em casa emburradinha, ele sorri e diz: "você fica linda desse jeito" e não tem como não sorrir.
Dos dias de pipoca, filme e suco (tá, ela parou com os refrigerantes).
De olhar nos olhos e já saber o que se quer.
Da cumplicidade.
Da amizade.
Da admiração.
Do respeito, por maiores que sejam as "diferenças". Imagina se tudo fosse padronizado, não existiriam surpresas, frio na barriga, coração disparado, falta de ar, "borboletas no estômago".
Do amor simples, porém verdadeiro, em que se possa confiar e acreditar no outro como se fosse nela mesma.
"Amar é punk!" E ela irá concordar com a "princesa de rua", já que admitiu ser uma princesa plebeia.
O amor que ela não precisará criar uma personagem só para agradar quem estiver com ela.
Você a conheceu assim. Espevitada, sapeca, menina-mulher do narizinho arrebitado, geniosa, teimosa mas, irritantemente apaixonante!
Aquele amor para se sentar na calçada, ficar jogando conversa fora e rindo horas a fio.
Aquele amor que ela vai cismar em te fazer uma surpresa e insistir para que dance uma música, que para você, talvez pareça cafona, mas que naquele momento se tornará mágica. 
Aquele amor que ela irá acordar mau humorada, sem querer conversar, mas que com um jeitinho especial, logo ela abrirá o sorriso mais lindo do mundo para você e te dar um abraço tãããão apertado, que você irá se lembrar de como era bom ser criança e poder abraçar apertado quem você mais gostava.
E se por acaso, você não for capaz de corresponder com esse amor, mesmo assim, agradeça-a, pois ele é verdadeiro e único. 
Não precisa ser grosseiro para tentar magoá-la e ela sentir raiva de você e se afastar.
Você a conheceu assim... E se não a conheceu ainda, terá oportunidades infinitas para poder conhecê-la melhor, seja como amiga ou como amiga e companheira.
Ela é só uma menina que se confunde com uma "super mulher" que de super não tem nada.
E saiba, que se tudo isso fosse o contrario, ela jamais iria magoá-lo. Ela ficaria infinitamente feliz por saber que existe alguém que gosta dela de uma maneira bem especial. E com jeitinho iria explicar a você, sem nem sequer doer, que não é o momento de estarem juntos, nunca iria tripudiar com rispidez de um sentimento tão nobre.
Sentimento acontece, nasce, cresce quando e por quem a gente menos espera.
Músicas e perfumes são as coisas que mais marcam quando a gente se lembra de alguém especial. 
E às vezes, vale a pena arriscar, do que morrer com a dúvida de que poderia ter dado certo.
Pode ter certeza, ela ainda está machucada, mas se ela tiver que dizer que este sentimento não pertence mais a você e sim a outra pessoa, essa pessoa irá saber e não será tão rude quanto você foi.
Ela já sorri novamente. Talvez caia uma lágrima de vez em quando, mas nada como o "senhor do destino" para deixá-la encantadora novamente.
Amores... Alguns impossíveis, outros incorrespondidos e um dia (talvez não tão distante assim) o sublime "e viveram felizes para sempre"!

"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo:
“A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho.
Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como na relva o orvalho.
Que importa que meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo.
Ao longe alguém canta.
Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro.
Será de outro.
Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro.
Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.
É tão curto o amor,
e é tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes, os últimos versos que lhe escrevo." Pablo Neruda


Bia Flor

Música - Seal - If you don't know me by now