segunda-feira, 2 de junho de 2014

Xeque mate?

As mãos trêmulas quase a impedem de escrever aqui. O coração pequenininho e apertado fazem os olhos se encherem de lágrimas, mas ela não as deixa cair, não pode, não aonde está e também prometera que não choraria mais por este motivo. Só que têm dias que a saudade bate e a ausência machuca. 
Anda pela rua, do jeito que ela se sente mais à vontade, mas não olha para cima, presta atenção nos pés e os passos são sincronizados com  a música que toca naquele momento. 
Os óculos escuros disfarçam o olhar sem brilho e o frio é desculpa para não sorrir. Talvez seja só sintoma dos malditos hormônios que a deixam instável, oscilante e sem cor. 
Nem o sol e o céu azul servem de motivação. Ninguém permitiu que não se deixasse abater. 
A vida vai seguindo, a capa de "mulher maravilha" está sempre impecável, não permite que alguém descubra que ela seja frágil e que vive se autodefendendo. Não ela, sempre tão dona de si! 
As pessoas que a conhece sempre se admiram com sua alegria e positividade, mas não percebem que não passa de uma pseudo felicidade, um escudo ou até um casco protetor para que ninguém perceba que ela quebra e pode se espatifar, já que existem mil pedacinhos colados de maneira quase invisível. 
Colocaram-na num jogo à força e ela não gosta de jogos. No início não percebeu que estava entrando num "WAR" da vida real. Nem sabe jogar isso... 
Quem a conhece sabe que este jogo está praticamente intacto na caixa, abriu-se raríssimas vezes e nunca o jogou até o final. Primeiro por não saber, segundo por não ter saco para ler o manual, terceiro por não conseguir entender o lance de conquistar territórios e quarto por saber que não seria uma boa adversária. No games!! 
Foi quando, de repente se viu no meio de uma batalha a qual seu maior inimigo era a pessoa que mais confiava, que mais queria próxima, que mais admirava, que mais queria bem. Como olhar para ele e aceitar que aquele seria o seu maior inimigo, o mais traiçoeiro de todos, o mais desunamo, o mais egoísta? 
Foi uma descoberta dolorida, que machuca até hoje, que tira o ar. Infelizmente ela tinha sido abatida. Aquele feixe de laser havia transpassado seu coração e seu cérebro, estava totalmente detonada. 
Destruíram a bonequinha mais uma vez... 
Como disse Amy Winehouse: "Love is a losing game".
Costurar seus próprios trapos e se refazer seria mais uma vez um desafio. Viu-se totalmente mutilada. 
Mas não podia ficar assim e foi se reconstruindo novamente. Só que alguns feixes não irão cicatrizar, como as outras feridas que deixaram cicatrizes. Não sente mais a dor, mas foram tatuadas pelo corpo. 
E assim, resolveu seguir, conhecendo novas pessoas, reencontrando outras, andando, dançando, sentindo o vento tocar no rosto, às vezes fazendo aliviar um pouco, outras nem tanto. 
Praquele adversário, tudo sempre foi um jogo, onde obrigatoriamente teria que existir um vencedor, mesmo que se usasse de meios cruéis.  Quase isso: "Na impossibilidade de lutarmos contra nossas fraquezas, resta-nos a baixeza maior: se alegrar com a derrota alheia." 
E enquanto ela disputava essa "guerra" sem saber apertar o gatilho, o maior desejo era que a figura criada por ela fosse sendo desfeita por milhões de defeitos inaceitáveis. Defeitos que vão totalmente contra os seus princípios, sim, princípios, ela preza por eles irrevogavelmente. 
E pede a Deus para conseguir se costurar, mesmo sabendo que para isso sentirá a dor da agulha transpassando seu corpo e sentindo a linha cosendo suas partes. 
E implora para sair desse jogo que só sabe fazer doer e você se tornar, falsamente, apenas mais um. 
Xeque mate?

"Well, I'm not being honest
I'll pretend that you were just some lover (...)
And when I'm hanging on by the rings around my eyes,
and I convince myself I need another, 
for a minute it gets easier 
to pretend that were just some lover."

Bia Flor

Música - Love is a Laserquest - Arctic Monkeys 

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