Passam-se anos e a gente chega a acreditar que eles nunca mais irão aparecer.
As cicatrizes se fecham, a gente se esquece das marcas que elas deixam, supera e segue a vida "fingindo" que nada aconteceu um dia.
Acredito que esse seja um dos mistérios da vida. Aquela dor que antes era insuportável não doer mais, mesmo quando a gente olha pra trás.
Só que como outro mistério, a vida é cíclica e as coisas se repetem, talvez por negligência nossa, ou porque temos que "re"viver para aprender melhor.
Se foi um erro, amanhã vira aprendizado - Clarice Lispector
E as épocas se repetem, e as lágrimas escorrem pelo rosto dela. Não, não é o mesmo motivo, só que a coincidência é tanta que chega a assustar. Fantasmas assustam!
O mesmo vestido, a mesma data e a mesma dor. A dor que machuca não por ter errado, mas por ter acreditado que se fez a coisa certa e, na verdade, querem que ela acredite que vacilou.
Magoar sem ter magoado. Agir de forma tão honesta e ser "punida" por isso.
Esse mundo anda tão invertido que o correto, o sincero, o direito perderam os valores.
Aquele curto circuito na cabeça, aquele nó que deveria ser laço, aquele sentimento indefinido que não sabe se é tristeza, raiva, cansaço... Só se sabe que tudo isso dói, sufoca, machuca e não era para ser assim.
Porque antes o pós carnaval era triste por causa dos amigos que iam embora, dos "amores" que acabavam, a ressaca que tinha que se curar, as bolhas nos pés, as madrugadas viradas, a vida tinha que entrar no eixo, mas tinha-se boas histórias para contar no colégio, afinal, a única preocupação era estudar e tirar boas notas.
Só que o pós carnaval hoje dói, não apenas pelos amigos que retornam a suas casas, não pelo fato de não ter existido "amores de carnaval", mas porque mais uma vez se agiu de forma límpida e as palavras que escuta ferem mais que o castigo de ter sido proibida de participar daquele bloco, tão esperado com os amigos queridos.
Punição de pai e mãe é perdoável e aceitável quando se torna gente grande.
Fantasmas não falam... Dizem que o silêncio é pior do que algumas palavras. Mas há palavras, que mesmo ditas com toda suavidade do mundo, dilaceram e abrem as cicatrizes que estavam fechadas fazendo com que se "re"viva algo semelhante, que se prometeu um dia NUNCA mais deixar acontecer.
Naquele ano, com o mesmo vestido, a partir da mesma data, ela ia TODOS OS DIAS com o tercinho na mão pedir a Deus para que aquilo que se vivia não terminasse. Isso ela não irá mais fazer mesmo! Está proibida de se subestimar.
O pedido agora é que se tiver que doer a ferida, que seja um tempo de dor breve. A oração é para que essa dor não se estenda e cicatrize bem rápido, afinal, NINGUÉM TERÁ A AUDÁCIA E A PERMISSÃO DE FAZÊ-LA ACREDITAR MAIS UMA VEZ QUE ERROU, sendo que o correto, o transparente, o honesto, o justo, o direito mais uma vez prevaleceu.
"Where did a go wrong?
I never need this before. (...)
Everybody has a ghost"
Bia Flor
Música - Ghost - Live
Nenhum comentário:
Postar um comentário