Tanto ela quanto ele foram puxados para um "encontro" meio nada a ver e, logo de cara perceberam o quão chatos eram ambos.
Não sabiam o nome um do outro, mas ela já se questionava, num pré julgamento falho "como ele consegue ser tão irritante em menos de 5 minutos de conversa?"
Não levou tanto em consideração, pois estavam "bêbados" e celebrando uma grande data. Só não entendiam porque, naquela hora, exatamente quando tudo estava terminando, eles foram "apresentados" assim, de supetão.
E quanto mais o tempo de conversa descabida passava, mais ele tentava a irritar. Um verdadeiro chato nato!
Só que ela continuava estática prestando atenção naquele blá blá blá sem pé nem cabeça.
Não pensou em sair dali, apesar de que, naquela hora, poderia correr e sumir para sempre, mas algo a prendia ali,
Sim, ela gostou das pintinhas! Logo após confessar isso, percebeu, estava prestando bastante atenção nos detalhes sem nem perceber direito. Essa constatação contraditória aconteceu beeeeeeeeeeem mais tarde.
E como duas "crianças" idiotas "brigando" por uma bobeira qualquer, sem noção total, traçando uma lutinha besta, foi surpreendida por um beijo, o qual correspondeu.
Só que como já era tarde e ela já havia virado uma abóbora fazia tempo, não botou muita fé na continuidade daquela aproximação. E por sorte, dessa vez, ela estava errada.
Sem apegos mas com os olhares atentos, eles se separavam e voltavam como se estivessem juntos há anos.
Uma afinidade e empatia irritantes.
Desobedeceu aos pais, quando resolveu voltar para casa com outra pessoa. Afinal, as sobrinhas iriam levá-la até em casa, esse foi o combinado. Mas já está bem crescidinha para seguir certas ordens.
E foram juntos até em casa.
E no meio do caminho pararam inúmeras vezes. Algumas brincadeiras do "chato" deixaram-na irritada e com uma "tromba" gigante. Ele fingiu jogar a tiara de flores dela no acostamento de barro.
E para garantir a veracidade da brincadeira de mau gosto, fez com que ela pisasse no barro e saísse na chuva para procurar a tal tiara. E ele também fez o seu papel de ator principal na brincadeira, o que lhe rendeu um belo soco no braço, que deixou marca por mais de uma semana. Bom que todas as vezes que ele olhava praquele roxo, se lembrou dela, daquela menina petulante.
E demoraram uma eternidade para chegarem em casa.
Conversaram, se irritaram, brincaram, se acharam insuportáveis, mas não cansavam de se beijar.
Era tudo culpa das dezenas de taças de prosecco. E ela quando quer ser chata, só ele consegue vencê-la.
Já era de manhã quando se despediram, mas algo lá dentro fez com que trocassem os números de celular. Tempos que não faz isso. Anda tão cética que nem faz esse tipo de questão. Mas no "embalo de sábado" resolveu, de impulso, pegar o número do telefone.
Nem se lembrou do orgulho inadequado; quando voltou a si, já havia enviado um SMS e, obteve resposta.
Queriam se ver mais vezes. Mas como fazer se os destinos eram opostos, pelo menos naquela semana?
E combinaram de se verem, e estipularam condições: só irei se você estiver lá e, só vou estar lá se você for.
Era a oportunidade que ela tinha de não aparecer descabelada para ele. Já que no final de uma festa tão grandiosa com direito a subir no palco e cantar desafinadamente - "é que no peito dos desafinados sempre bate um coração" - descabelada, desmontada e chapada, qualquer pente no cabelo seria um lucro enorme. Mas claro, quem a conhece sabe que não foi apenas um pente no cabelo, afinal, aquele sim era um encontro.
E se encontraram. E ela estava meio ansiosa, parecendo uma adolescente panguá. E falou até dizer chega. Ou melhor, falou até ele resolver beijá-la e a partir daí a noite se tornou milhões de vezes mais agradável.
Pena que quando tudo está perfeito, o ponteiro gira cinco vezes mais rápido. Mais uma vez, chegou a hora de se despedirem. E quase sem som, ela perguntou baixinho e acanhada quando iria vê-lo novamente. E ele marcou uma data. Uma data que não chega nunca, mas que se torna mais amena com os torpedos que trocam quase que diariamente, com uma vontade louca de dizer, igual quando se está no colégio e uma amiga em comum chega e diz ao pleiteado: "minha amiga está gostando de você". Só que como não existem amigas para intermediarem, e nem ela quer isso, falta-lhe coragem ainda para dizer: senti sua falta ou, você me faz bem ou, até um tímido, eu gosto de você e... Ah! Deixa pra lá! Esquece!
E o que mais a indigna nessa maneira besta de tolir seus sentimentos é que seria mais fácil virar para um desafeto e dizer: não gosto de você, do que dizer para alguém que a cada dia se torna mais e mais especial: "eu gosto de você".
São as topadas que a vida nos dá que faz com que nos tornemos covardes e acabamos perdendo uma enorme oportunidade de ser feliz junto com alguém.
Bom, deixa acontecer!
Isso ainda é um segredo, mas eu acho que ela está de verdade gostando muito de você, seu chato!
Bia Flor
Música - O vento - Jota Quest
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