segunda-feira, 8 de abril de 2013

Madeleine - A contemplação


Ela gosta de surgir quase sempre às Sextas feiras, de preferência, 13. Mas resolveu dar o ar da graça já que faz tempo que está adormecida. Madeleine não é mais a mesma, foi tocada, se entregou e te devorou, agora está "manchada". 
Seu olhar negro não é mais cândido, agora uma parte demoníaca e sádica o toma. Ela tem muita vontade de fazer coisas ruins com você. 
Don't be afraid, boy! Você já deve ter se convencido de que irá morrer sozinho. Madeleine não é vampiresca e não caminha mais pelo seu calvário. 
Madeleine é livre, porém quiseram-na acorrentar, a enjaular num sentimento psicótico como se pudesse enfiar lhe uma navalha todas às vezes que ela sorria. Ela sentiu dor e chorou por várias vezes porque não se dá para viver anestesiada. Mas ela desatou as amarras e mesmo um pouco machucada, correu sentindo o vento bater em seu belo rosto.
Mais magra, mais seca, mais fria, mais morta, mas viva!
Por incontáveis vezes desejou a sua morte. Inventou cenas e mais cenas onde você sofria e ela, simplesmente, deixava cair uma lágrima por "piedade". 
Seus joelhos esfolaram e doeram. Uma faca escapuliu e machucou sua mão, e com isso, mais dor. Dores onde se via sangue. O mesmo sangue que dá vida faz doer! 
Madeleine vagou por alguns lugares, sempre com os fones no ouvido e, dias atrás passou horas e horas contemplando uma imagem triste e ao mesmo tempo confortante. Havia muitos machucados, muitos flagelos, muitas partes dilaceradas. Dois olhares completamente distintos. Um de extremo desespero e o outro de aceitação e até agradecimento. Aquilo a fascinou por instantes. 
Enquanto contemplava aquela cena onde havia tanto sangue ela desejou coisas boas e ruins. Afinal, eram duas criaturas distintas, não teria como desejar o mesmo para ambos.
Um havia "roubado" e não pretendia se arrepender. Por que ter piedade por alguém assim? Já lhe roubaram sorrisos, expectativas, luz, esperança... Não é tão evoluída a ponto de pedir a Deus que perdoe quem a fez tão mal. Que aquele que estava com um olhar amedrontado e desesperado se virasse para se redimir, afinal, se dependesse de Madeleine, a vontade real era que o sangue daquele monstro descesse pelo ralo. Sangue apodrecido e fétido que nem para doar e salvar uma vida serve. Pelo contrário, contamina e faz morrer toda a beleza e pureza de quem tiver contato. 
Já o outro olhar, reconfortante. Por mais que também fosse de um "ladrão” passava uma sensação de paz, alívio e perdão! Claro, por pior que tenha sido o mal que fizesse a Madeleine, teve a humildade de se redimir. Mas também já era tarde para isso. Ambos estavam mortos! Dois olhares, duas mortes e Madeleine estupefata! 
Imagina o tormento espiritual dessas pessoas? 
Madeleine, por mais humana que seja tendo seus pensamentos bons e ruins já sofre com essas feridas... Imagina estes que a impressionaram, fizeram-na contemplá-los por horas e compará-los a pessoas "conhecidas".... 
Seu tiro saiu pela culatra. Enquanto Madeleine caminha a passos vagarosos, mas vitoriosos, você vive o desespero da descartabilidade humana e isso só faz a sua conta aumentar. Mas Madeleine não tem nada a ver com isso. 
E sua verdadeira personalidade vai sendo desvendada causando dor e decepção. Pessoas se desculpam em seu nome, por vergonha e decepção. 
Não será surpresa o seu olhar de misericórdia! 
Madeleine reza por você, mas já sabe, seu final será só!

"The life hasn't been very kind to me lately
But I suppose it's a push from moving on
In time the sun's gonna shine on me nacely 
Somethin' tells me good things are coming 
And I ain't gonna not believe"

Bia Flor 


Música - Freendom - Anthony Hamilton & Elayna Boynton

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