Ela gosta de surgir quase sempre às Sextas
feiras, de preferência, 13. Mas resolveu dar o ar da graça já que faz tempo que
está adormecida. Madeleine não é mais a mesma, foi tocada, se entregou e te
devorou, agora está "manchada".
Seu olhar negro não é mais cândido, agora
uma parte demoníaca e sádica o toma. Ela tem muita vontade de fazer coisas
ruins com você.
Don't be afraid, boy! Você já deve ter se
convencido de que irá morrer sozinho. Madeleine não é vampiresca e não caminha
mais pelo seu calvário.
Madeleine é livre, porém quiseram-na
acorrentar, a enjaular num sentimento psicótico como se pudesse enfiar lhe uma
navalha todas às vezes que ela sorria. Ela sentiu dor e chorou por várias vezes
porque não se dá para viver anestesiada. Mas ela desatou as amarras e mesmo um
pouco machucada, correu sentindo o vento bater em seu belo rosto.
Mais magra, mais seca, mais fria, mais
morta, mas viva!
Por incontáveis vezes desejou a sua morte.
Inventou cenas e mais cenas onde você sofria e ela, simplesmente, deixava cair
uma lágrima por "piedade".
Seus joelhos esfolaram e doeram. Uma faca
escapuliu e machucou sua mão, e com isso, mais dor. Dores onde se via sangue. O
mesmo sangue que dá vida faz doer!
Madeleine vagou por alguns lugares, sempre
com os fones no ouvido e, dias atrás passou horas e horas contemplando uma imagem triste e
ao mesmo tempo confortante. Havia muitos machucados, muitos flagelos, muitas
partes dilaceradas. Dois olhares completamente distintos. Um de extremo
desespero e o outro de aceitação e até agradecimento. Aquilo a fascinou por
instantes.
Enquanto contemplava aquela cena onde
havia tanto sangue ela desejou coisas boas e ruins. Afinal, eram duas criaturas
distintas, não teria como desejar o mesmo para ambos.
Um havia "roubado" e não
pretendia se arrepender. Por que ter piedade por alguém assim? Já lhe roubaram
sorrisos, expectativas, luz, esperança... Não é tão evoluída a ponto de pedir a
Deus que perdoe quem a fez tão mal. Que aquele que estava com um
olhar amedrontado e desesperado se virasse para se redimir, afinal, se
dependesse de Madeleine, a vontade real era que o sangue daquele
monstro descesse pelo ralo. Sangue apodrecido e fétido que nem para
doar e salvar uma vida serve. Pelo contrário, contamina e faz morrer toda a
beleza e pureza de quem tiver contato.
Já o outro olhar, reconfortante. Por mais
que também fosse de um "ladrão” passava uma sensação de paz, alívio e
perdão! Claro, por pior que tenha sido o mal que fizesse a Madeleine, teve a
humildade de se redimir. Mas também já era tarde para isso. Ambos estavam
mortos! Dois olhares, duas mortes e Madeleine estupefata!
Imagina o tormento espiritual
dessas pessoas?
Madeleine, por mais humana que seja tendo
seus pensamentos bons e ruins já sofre com essas feridas... Imagina estes que a
impressionaram, fizeram-na contemplá-los por horas e compará-los a pessoas
"conhecidas"....
Seu tiro saiu pela culatra. Enquanto
Madeleine caminha a passos vagarosos, mas vitoriosos, você vive o desespero da
descartabilidade humana e isso só faz a sua conta aumentar. Mas Madeleine não
tem nada a ver com isso.
E sua verdadeira personalidade vai sendo
desvendada causando dor e decepção. Pessoas se desculpam em seu nome, por
vergonha e decepção.
Não será surpresa o seu olhar de misericórdia!
Madeleine reza por você, mas já sabe, seu
final será só!
"The
life hasn't been very kind to me lately
But I
suppose it's a push from moving on
In time
the sun's gonna shine on me nacely
Somethin'
tells me good things are coming
And I
ain't gonna not believe"
Bia Flor
Música - Freendom - Anthony Hamilton & Elayna Boynton
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